27/09/2011

GRUPOS DE DIABOS EM PORTO SEGURO, REVEILLON, CLASSES SOCIAIS, DIVALDO FRANCO E PERDER O SONO.....



Levantei com o despertador, 05:30, fiz o que tinha que fazer e depois resolvi dormir mais um pouco, porém minha mente estava numa atividade infernal, certas memórias de um passado não muito distante insistiam em voltar a mim.... não sei porque. Vim estudá-las. Não sei se aqui é o lugar certo para fazer isso. Mas como a mente estava tão agitada, isolei a idéia de meditar, seria um sofrimento inútil, meditação autêntica só na ausência da mente....
Preâmbulo (é assim que se escreve, professor?); antes quero me desculpar por meus textos. Sei que não são agradáveis, não são belos, nem floreados.... não escrevo poesias, nem  rebuscar nada com termos exóticos e um português ultra-plus (se é que isso existe), tem pessoas que escrevem com tanta beleza estética (e pouco prática) que me recordo de Divaldo Franco (o chamado maior TRIBUNO VIVO, tribuno, porque alguém chama um conferencista espírita kardecista tribuno? ) (...) digressão; [O tribuno (em latim tribunus) era o magistrado que atuava junto ao Senado em defesa dos direitos e interesses da plebe]  bom, continuo sem entender.....será que é porque ele encanta e ilude a PLEBE?   voltando a Divaldo, fala de maneira tão pouco clara, cheio de analogias rebuscadas, terminologias não comuns, usando e abusando do vernáculo e citando trechos de livros que a maioria das pessoas não leram, deixando os pobres espíritas fascinados..... como todos amam o belo (mesmo que não entendam) aquilo é chamado de transcedental.
Mas não estou aqui para criticar os espíritas, nem o pobre do Divaldo que já foi tantas vezes acusado de plágio, os espíritas assim como os evangélicos não fazem muita diferença....
mas lamento por quem lê o que escrevo, e lamento não poder lhes oferecer uma leitura inspirada nos temas que as pessoas gostam, histórias de amor, de esperança, de vida.
Carrego comigo a tragédia do DESPERTAR, espero que um dia se converta numa benção, mas por enquanto isso é a cruz que me compete.



No reveillon de 2008/2009 fui convidado por certa pessoa para passar numa casa alugada em Porto Seguro... como fui chegar até aí? Como as pessoas se envolvem em eventos como esse? Como comecei a me relacionar com pessoas de uma classe social diferente da minha? Poderia me adaptar bem entre místicos, acadêmicos, artistas marciais.....etc, mas estava entre médicos, empresários emergentes de feira de santana, pequenos fazendeiros, etc.... a chamada classe média/média... um pessoal estranho. Talvez eu quisesse conhecer aquele mundo, aquelas pessoas... mas havia me esquecido que o sistema de castas excluem a todos que vem de baixo. Poderia como Imperador, ter nascido com o sangue azul (mesmo sendo vermelho), poderia ter tirado Domitila da merda com toda a sua família e erguê-los ao cume supremo da hierarquia da corte, as mulheres do paço continuariam virando o rosto para Domitila, afinal era uma alpinista social, uma aproveitadora e sei lá mais o que..... os que estão em cima não toleram os que vem de baixo.... isso é fato. Que cada macaco fique no seu galho. Ou ao menos que procure outro galho, não o mesmo que minha filha está, etc. 
Porém o mais interessante estava por vir... aquele grupo era realmente bizarro, heterogêneo, estranho, pessoas que tinham algum dinheiro (não o suficiente , eu iria comprovar), mas “faltava-lhe o GRAMOUR” (como diz a humorista na televisão), pessoas que pareciam ter um berço, outros que estavam ali por uma imposição do destino, em estranha culinária de elementos que fugiam à compreensão humana..... eu observava tudo, atento lutava por extrair luz daquilo.... tinha ido sem carro, estava portanto à mercê dos meus anfitriões, o relacionamento em convulsão (quando uma relação é frágil, qualquer pessoa, rosto bonito ou evento, lhe ameaça), e os sentidos mais profundos acabam por indicar quando algo não tem futuro, então o ego luta por manter o que não pode ser mantido... e assim seguia... acordando, comendo e jogando vídeo game naqueles poucos dias que se converteram num inferno.
Porém um passeio surgiu em direção a certa praia (que não fixei o nome), e maravilhoso, extraordinário.... nos defrontamos com a SUPERCLASSE..... os muito ricos, os famosos..... num lugar onde se pagaria 3.000 reais apenas para se sentar numa mesa, com cadeiras extravagantes de almofadas com desenhos de pele de tigre que tornava aquilo mais irreal.... som de boate, corpos sarados.... e aquele extraordinário grupo estranho, composto de aberrações sociais numa extranha mescla de pessoas excluídas de tudo aquilo, a admirar de fora a superclasse, sem conseguir se aproximar..... foi bizarro, estranho.... se desenvolveu quase uma relação de voyeurismo, todos ficaram apenas observando.... pra não ficar muito constrangedor, conseguiu-se uma mesa de quintal, algo relativamente afastado da elite, mas que permitiu com certo delay (atraso) todos comerem e beberem enquanto admiravam o espetáculo da super-classe. E ali ficamos, na cozinha da Superclasse, comendo os restos deles, pagando para ficar em seu quintal, sentindo o seu cheiro... mas o nosso grupo estava feliz (kkkkkkkkk) era como se por instantes a elite de Feira tivesse se convertido na ralé e daí, dessa condição, pudessem sentir o cheiro do protetor solar importado da superclasse, das músicas da superclasse, do ambiente da superclasse..... quanto tempo permanecemos ali naquele lugar? Não sei, mas foi o suficiente para perceber que era sempre igual, os que me olhavam feio, também era olhados de canto de olho (ou melhor dizendo, ignorados) por uma classe superior.




Menos de um mês depois eu iria abandonar tudo para seguir sendo menor do que era antes.... virei missionário, de um sem classe, recusei a classe média e fiquei mais ainda distante da superclasse com uma alegria imensa. Se eu continuasse como iria antes, teria que me decidir... ou me reafirmar naquilo e sem querer, lutar palmo a palmo para me manter no meio das aparências.... ou cristalizar de fato o improvável, dedicar minha vida a enriquecer e gastar esse dinheiro para viver a vida com a momentânea felicidade....
Não, eu quis mais, nada menos que a imortalidade me interessa.


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