04/07/2011

Pássaros


Segunda-feira nublada. Frio, como não vi em Natal. Por incrível que pareça me anima.
Leio com ânimo redobrado os textos descritivos ao extremo de Gustave Flaubert, imagens de outro século, pensamentos de um outro século. Coisas estranhas para esses dias, para as pessoas dessa época de agora.

Logo mais à noite estarei na estrada aérea rumo a outro estado, o estado que me prende em sua negritude, na origem de meus próprios dias, na obscuridade do porque nasci ali. Coisas que ainda não desejo me perguntar.

Esses fragmentos vão se sobrepondo, reflexões sobre a Gnosis, sobre os passos no Caminho, sobre a vida e sua importância iniciática. Vou fazendo um recorte, transformando meu mundo interno nessa colcha de retalhos, nesse quebra-cabeça. Pedaços de mundos distintos.

Volto a refletir sobre as intenções escusas, o ego por trás de cada movimento, a intenção de prejudicar de comprometer, de machucar. A disputa, o eu que quer sobressair, o inferno exposto de todas as pessoas, o chifre em cada testa, tirando a paz, matando, roubando, enganando, controlando, esmagando, encontrando cabelo em ovo, perdendo-se na própria maldade.

Lá fora os pássaros voam em seu livre movimento, em sua maestria natural, em sua sapiência, vivem belos e felizes, de instante em instante... assim como as flores, exaltadas por Cristo em sua sabedoria, via que não plantavam, nem colhiam e se alimentavam, não teciam e ninguém se vestia com a sua beleza... elas estavam lá, livres do jugo terrível da maldade que aprisiona os humanóides.

Logo me volto para a escada, a porta estreita, o caminho angustiante e terrível da senda do fio da navalha. Penso que se não pode o ego morrer, melhor seria se não tivesse telefone, nem e-mail, nem números, .... será que haveria paz? Que belo é o Caminho, mata-nos lentamente.

Olho de novo o céu e penso na divindade, esquecida pelos animais intelectuais, ocupados em servir seu novo Deus (dinheiro), correndo, apressados ocupados.... penso nas dimensões do espirito, penso na vida, penso na pureza, na sapiência, na luz das luzes.... penso na alegria, no amor.
quero ser como aquele pássaro e voar em direção ao Dragão de Sabedoria e esquecer das palavras de Flaubert.

pic 1 : http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/1980410:BlogPost:44383

Um comentário:

  1. Uma gaivota. Que não se contentando em buscar alimento, prefere aprender a alçar vôos perfeitos em direção ao desconhecido...

    "Fernão Capelo Gaivota" - Richard Bach

    ResponderExcluir