06/07/2015

Onde andará Deus?



Gostaria de saber onde posso encontrar Deus para falar com Ele.

Preciso lhe contar algumas coisas....

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Ser ateu deve ser uma vantagem, a pessoa não considera nada e vive como um animal....

às vezes invejo os ateus.



9 comentários:

  1. Esse é um preconceito moral seu. Um julgamento pessoal que,certamente, não define e não definirá o resultado ou ordem das coisas. Ser ou não ser ateu não inclina ninguém à vida amoral. Como ser ou não ser religioso não inclina necessariamente ao exercício da virtude. A conduta humana é marcada pelo arbítrio, é um fato. E a cultura humana é toda construída por aspectos ora éticos, ora morais. Logo, o humano não se dissocia da cultura ao qual está inserido, ainda que haja de modo a questionar algumas de suas normas.

    Além disso, muitos caracteres religiosos estão dissipados no meio cultural, sob a forma de preconceito, crendice e costumes. E, de qualquer forma, a liberdade de exprimir-se deve ser resguardada, desde que não estejam presentes prejuízos diretos ou indiretos contra pessoas ou agrupamentos de pessoas. Considero que sua publicação seja um mero desabafo, despojado, sem a preocupação com uma reflexão mais apurada.

    No entanto, é bom ressaltar que as pessoas consideradas em seu ateísmo, continuam sendo pessoas, com códigos morais de conduta, idealismos, projetos, conflitos íntimos e interpessoais etc. Como todas as pessoas, estão inseridos numa cultura, jurídica inclusive, da qual não se escapa, a não ser por força de morte. Ateísmo não torna alguém um meio humano, ou inumano, ou desumano.

    O Sr. já leu algo de Schopenhauer, Nietzsche, Albert Einstein, Sartre? Não é preciso ler obras imensas inteiras, basta que se aproxime do pensamento de outros autores. Devo reforçar: Não é possível que se diga que um dos citados não tenham uma espécie de compreensão ética da vida. Senão é o que mais semearam: uma compreensão ética do humano. É necessário buscar além dos seus muros. Veja o enunciado de Paracelso:

    ““Quem nada conhece, nada ama. Quem nada pode fazer, nada compreende. Quem nada compreende, nada vale. Mas quem compreende também ama, observa, vê... Quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa tanto maior o amor... Aquele que pensa que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo, como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas.”

    Não posso compreender se não me aproximo. Com a proximidade posso expandir o universo que sou eu. E a busca me alimenta a buscar mais, porque o definitivo mata-me.

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  2. Grato pelo seu comentário lúcido..... porém tenho observado de perto o "fenômeno" do ateismo e sua relação com a vida como se não tivesse princípio nem fim e não tivesse nenhuma causa reguladora... o desligamento do ateísmo da figura sobre-humana e absoluta de Deus torna esse humano ateu LIVRE.... a liberdade de fazer absolutamente qualquer coisa sem nenhuma preocupação por trás (exceto talvez as limitações sociais regidas pelas leis- que tampouco impedem um assassino de matar, ou um estuprador de estuprar....etc).... não se relacionar com uma força superior (DEUS) me parece libertador, chamar o ateu de animal foi elogiá-lo, e talvez até invejá-lo.... animais são livres, reproduzem-se, caçam, matam, se movem, dormem, vivem, sem código de ética, sem código moral, sem código religioso. Não refletem sobre suas ações e tampouco se questionam se vão bem ou mal.... animais são livres e naturais.... Não sou ateu, portanto desconheço o fenômeno de dentro, não sei como é viver desprovido da crença numa força que criou tudo... não sei como é dizer, não existe nada acima de mim, não existem leis divinas, não existem consequências para as minhas ações, exceto aquelas imediatas que aprecio no momento subsequente ao exercer minha liberdade de agir... agrido e sou agredido, mato e o estado tenta me encontrar, prender e julgar,,,etc. Não entendo, não alcanço, nunca cheguei nesse ponto. Vivo dentro da atmosfera que conheci no âmago da minha alma, falo com Ele, busco a Ele, porque já senti essa força se expressar em todo meu corpo, como algo SOBRE-HUMANO... não consigo definir se é Deus ou o Diabo, ou uma Força Anímica, emocional, instintiva, não sei, porque absolutamente não posso falar com plena completude aquilo que desconheço em sua totalidade... assim como não posso definir completamente a Deus, não posso definir completamente o Ateu, posso falar mais de Deus que do Ateu... Deus eu já fui... ateu nunca. Não consigo por isso abarcar algo completamente oculto e desconhecido... Nasce-se ateu? Se a pessoa se torna ateu por uma revolta, não há compreensão, há uma reação e o sujeito deve estar ali apenas representando Ser algo que é apenas um incômodo em seu mundo interior. dificil até pensar sobre, não tenho referências exceto a relação com o Animal e repito, invejo... invejo a naturalidade de ir e tomar aquilo que se quer... sem dúvidas, sem preocupações, sem remorsos... Não quis critiar, quis entender...

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  3. Entendo. Quero também salientar que meu comentário foi motivado para salvaguardar uma questão importante aqui: ateus são humanos e, como humanos que são, possuem capacidade reflexiva. É inútil discutir o que há de óbvio. Reforço: porque um humano por ser ateu iria agir sem peias morais e sociais? Não, disso não há qualquer evidência. A contragosto de muitos, os melhores pensadores acerca da grande incógnita humana foram justamente os ateus. Sabe por quê? Porque os religiosos aparentam estar cheios de respostas, possuem verdades a priori, enquanto os ateus desenvolvem mais porque, ao contrário, possuem a incrível capacidade de espantar-se com o mundo, com o universo, com a vida. Ateus estão cheios de perguntas. Daí a imagem escolhida para a publicação é perfeitamente compatível com o que se discute. :) Claro, estou falando da galera vip. Excluídos, portanto, os ateus meia-boca.

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  4. Chamou-me a atenção suas últimas linhas: "invejo a naturalidade de ir e tomar aquilo que se quer, sem dúvidas, sem preocupações, sem remorsos..." Parece-me que alguém que age sob esse "anima" é alguém que segue umas regras talvez pouco convencionais para muitos ateus por aí. O Sr. já deve ter lido os Protocolos dos Sábios de Sião. Além disso, houve quem invertesse o princípio do thelema para intenções bem pouco humanitárias. E todos estes "notáveis seguidores" nutriram perspectivas consideradas trevosas e (quem diria!) estavam irmanados em conhecimentos, digamos, ocultos (?!). hehehehe Como vê, há muito caroço nesse angu. Aliás, o que fazem os grandes patrocinadores dos interesses políticos mundiais nas horas vagas? A qual Deus eles se permitem submeter. Não! Deixe os ateus fora disso.

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  5. Bom vamos nos colocar de acordo com algo.... os Protocolos dos Sábios de Sião... assim como a Thelema de Crowley são aspectos muito claros de um conhecimento do mal e para o mal. Você foi pro outro extremo do pêndulo.... se um lado estão as pessoas que buscam o bem e a sua redenção (digamos religiosos, crentes numa Divindade), no outro lado as pessoas que são e usam elementos quaisquer para exercer o mal... e temos uma terceira classe, ateus, descrentes e cientistas que podemos por sua caracteristicas classificá-los no mesmo espectro de ação.... livres pensadores??? não gostaria que você defendesse o ateismo unindo o bem e o mal na mesma classe......... rs

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  6. É porque não vejo mal no exercício da liberdade altruísta. Por que temos que compreender a deidade como uma força impositiva? Por que não podemos exercer nossas ações e nossas vontades, considerando que delas resultam a satisfação nossa ou de muitas pessoas, sem que disso nos tornemos temerosos? Não considero o temor a Deus uma virtude.

    E quando li algumas linhas dos autores que citei, sinto proximidade com a inquietude e a angústia que movimentaram muitos deles. Em alguns momentos, é a sensibilidade que me encanta; em outros, o próprio exercício literário é o que me agrada. A argúcia de Schopenhauer. O destemor e a sensibilidade de Nietzsche. A clareza e sensibilidade com que Einstein expõe seus argumentos para defender uma compreensão evolutiva da deidade.

    O ponto em que mal e bem se equivalem é a manipulação de elementos sagrados e elaboração de uma normatividade ritualística, impositiva para a conduta humana, voltadas à consecução de certos fins. E é aqui o ponto no qual se distanciam, o direcionamento dos fins, como o Sr. bem observou. Eu sei que pareceu estranho; soou como uma tentativa de colocá-los no mesmo patamar. Não é a intenção.

    Mas é essa a questão: as normas contidas nos Protocolos dos Sábios de Sião são também regras morais incutidas numa elaboração de uma ética política. Exemplo: “Um povo entregue a si próprio, isto é, aos ambiciosos do seu meio, arruína na discórdia dos partidos, excitado pela sede do poder, e nas desordens resultantes dessa discórdia. É possível às massas populares raciocinar tranquilamente, sem rivalidades internas, dirigir os negócios de um país sem ser confundidos com os interesses pessoais?” Não concordo ideologicamente com todo o documento, mas é possível concluir que este argumento, propositalmente selecionado, é bastante análogo ao que vivenciamos no atual processo democrático. E escrevo isso com alguma tristeza.

    Concordo parcialmente em relação à questão do Thelema, talvez porque ainda não tenha uma reflexão amadurecida a respeito... Ou não... Por que uma postura destemida deve ser considerada maligna? Eu não estou satisfeita com o modo como as pessoas inclinam essas questões. O ateu, por levantar a dúvida, é instrumento do maligno? As dúvidas não são o ponto de partida na construção do conhecimento humano? Vejo que, para a abastada maioria, o divino funciona como uma bengala, sem a qual não se pode suportar o peso de si mesmo.

    Saio em defesa para que os pontos sejam vistos com parcimônia.

    :)

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