21/01/2014
Qual o meu preço?
"Como um espelho minh'alma revela segredos;
posso calar, não posso não saber.
Do corpo, tornei-me um foragido,
do espírito, um exilado;
juro que não sei:
a este não pertenço, nem àquele.
Para sentir o doce aroma,
ó buscador, a condição é morrer.
Não me olhes como a um vivo,
um deles já não sou.
Esquece meu lado tortuoso
e contempla apenas a reta palavra:
sou como o arco
e meu verbo é a flecha.
O chapéu redondo na cabeça,
o manto do dervixe sobre o corpo
são minha lápide e mortalha.
O que pareço?
Qual o meu preço no mercado do mundo?
Do jarro de vinho emborcado no alto de minha cabeça,
não deixo que derrame uma só gota.
E ainda que goteje,
contempla apenas o poder de Deus:
a cada gota derramada, recolho pérolas do mar!
Meus olhos, como nuvens,
recolhem pérolas perfeitas.
E a nuvem de meu espírito
ascende ao céu dos que se entregam.
Faço-me chuva diante do Sol de meu Ser, (adaptado)
para que cresçam margaridas
com a forma da minha lingua."
Rumi
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Belíssimo! Li por aí que a mística sufi é anterior ao islã. Não me lembro onde. Tenho aqui em tela um interessante. Veja: http://www.sgi.org.br/religioes/o-amor-e-a-mistica-sufi/
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